De fato, o casamento pode se tornar uma “missão impossível” se o casal rejeitar os auxílios da graça de Deus
“Não é bom que o homem esteja só. Vou fazer uma auxiliar que lhe corresponda” (Gen 2,18). A mulher que Deus “modelou” da costela do homem e que levou a ele, arrancou dele um grito de admiração, uma exclamação de amor: “É osso de meus ossos e carne de minha carne” (Gn 2,23).
Foto: Daniel Mafra
Deus criou o casal humano para uma “comunhão de pessoas” no matrimônio e os uniu de modo que, formando “uma só carne” (Gn 2,24), possam transmitir a vida humana: “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra” (Gn 1,28). O homem e a mulher, como esposos e pais, cooperam de forma única na obra do Criador. Aí está toda a beleza que Deus quis para o casal humano; fez dele a fonte do amor e a “nascente da vida”. Cristo elevou o casamento entre os batizados à dignidade de sacramento.
A sagrada Escritura abre-se com a criação do homem e da mulher à imagem e semelhança de Deus e fecha-se com a visão das “núpcias do Cordeiro” (cf. Ap 19,7). Toda a Sagrada Escritura fala do casamento e de seu “mistério”, de sua instituição e do sentido que lhe foi dado por Deus, de suas dificuldades provenientes do pecado e da sua renovação “no Senhor” (1Cor 7,39).
Deus é o autor do matrimônio; o casamento não é uma instituição simplesmente humana. “Por isso, um homem deixa seu pai e sua mãe, une-se à sua mulher e eles se tornam uma só carne” (Gn 2,24).
O pecado instaurou a desordem também no casamento. Tendo sido uma ruptura com Deus, a primeira consequência foi a quebra da comunhão original do homem e da mulher. Para curar as feridas do pecado, o homem e a mulher precisam agora da ajuda da graça que Deus, que, em sua misericórdia infinita, não nos recusa. Sem essa ajuda, homem e a mulher não podem chegar a realizar a união de suas vidas para a qual foram criados “no princípio”. Sem Cristo, o casamento não perdura. Por isso Ele o transformou em sacramento. Um casal sem Deus é um casal fraco.
De fato, o casamento pode se tornar uma “missão impossível” se o casal rejeitar os auxílios da graça de Deus; pois o pecado os vencerá. Para ser uma missão bela e saudável, o casal precisa fazer do seu lar um “espaço de Deus”. Então, o casamento, mesmo após advento do pecado, torna-se uma “escola de amor” onde se aprende a vencer a centralização em si mesmo, o egoísmo, a busca do próprio prazer, e a abrir-se ao outro, à ajuda mútua, ao dom de si.
Não foi sem razão que Jesus começou sua vida pública realizando seu primeiro milagre, a pedido de Sua Mãe, por ocasião de uma festa de casamento. É a confirmação de que o casamento é uma realidade boa e um sinal eficaz da presença de Cristo.
Jesus veio para restabelecer a ordem inicial da criação perturbada pelo pecado; então, é Ele mesmo quem dá ao casal a força e a graça para viver o casamento na nova dimensão do Reino de Deus. Seguindo Cristo, renunciando a si mesmo e tomando cada um sua cruz, os esposos poderão “compreender” o sentido original do casamento e vivê-lo com a ajuda de Cristo.
São Paulo mostra que a união de Cristo com a Igreja é uma aliança matrimonial: “E vós, maridos, amai vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, a fim de purificá-la… É grande este mistério: refiro-me à relação entre Cristo e sua Igreja” (Ef 5,24-32). O Matrimônio cristão é um sinal eficaz da aliança de Cristo e da Igreja.
O casal cristão, diante de Deus que os uniu para sempre, para serem esposos, pais e mães, precisam se esmerar no cuidado do casamento. Que jamais haja infidelidades conjugais, nem por pensamentos, palavras ou atos. A infidelidade é a morte do casamento. O casal não pode ser inocente quando se arrisca em aventuras com outras pessoas; a infidelidade começa muitas vezes com uma relação inocente que termina na infidelidade conjugal.
Dicas para viver bem:
– O casal precisa investir um no outro e no lar. Os matrimônios fortes se constroem passando tempo juntos; faça do tempo de convivência juntos uma prioridade, juntamente com os filhos.
– Não fique ressaltando as falhas de seu cônjuge e fazendo reprovações, isso faz com que outras pessoas te pareçam mais atraentes. Valorize mais as qualidades do outro e diminua as críticas. Não faça comparações com outros casais. Com as outras pessoas você não está vivendo um mundo real; é sonho.
– Quando houver necessidade, busquem ajuda. Isso não é um sinal de fraqueza. Um terapeuta familiar cristão ou um bom conselheiro, ajudam a pensar, a buscar soluções.
– Mantenha um lar alegre, com bom humor; elimine a reclamação e a lamúria. Alegria e bom humor são terapia. Saiba dar um sorriso mesmo nas horas amargas. E não esconda seus sentimentos; porque reprimi-los fazem mal e geram brigas. Seja transparente com o outro para ganhar a sua confiança.
– Cuide da vida sexual, mais do que a união de dois corpos é a união de duas almas que se amam e que se compromissaram uma com a outra por toda a vida. Cuidem bem um do outro, com todo amor, carinho, respeito, bondade, paciência, tolerância, maturidade e responsabilidade. Tudo isso faz o casal cumprir essa bela missão que Deus lhes deu de constituir uma família feliz. Eu pude viver quarenta anos essa realidade e posso dizer que é uma das melhores realizações desta vida. Nós amamos e nos realizamos com aquilo que construímos com nossa dedicação e amor.
Já foi dito que “quem caminha sozinho pode até chegar mais rápido, mas aquele que vai acompanhado com certeza chegará mais longe…” A paciência pode ser amarga, mas seus frutos são doces.
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