Certa vez o Papa Paulo VI disse em
Roma, a um grupo de casais:
"A dualidade de sexos foi
querida por Deus, para que o homem e a mulher, juntos, fossem a imagem de Deus,
e, como Ele, nascente da vida".
Isto é, doando a vida, o casal humano
se torna semelhante a Deus Criador. Pode haver missão mais nobre e digna do que
esta na face da terra?
Alguém disse certa vez, com muita
razão, que "a primeira vitória de um homem foi ter nascido".
Nada é tão grande e valioso neste
mundo como o homem. Ensina a Igreja que "ele é a única criatura que Deus
quis por si mesma"(GS,24). Por isso o Papa João Paulo II afirmou certa
vez:
"A Igreja quer manter-se livre
diante dos sistemas opostos para optar só pelo homem". "O homem é a
via da Igreja".
O Catecismo da Igreja ensina que o amor do casal é criador, por vontade de Deus:
"A fecundidade é um dom, um fim
do matrimônio, porque o amor conjugal tende a ser fecundo. O filho não vem de
fora acrescentar-se ao amor mútuo dos esposos; surge no próprio âmago dessa
doação mútua, da qual é fruto e realização. A Igreja 'está ao lado da vida', e
ensina que qualquer ato matrimonial deve estar aberto à transmissão da
vida" (CIC, 2366 ).
E o Catecismo ensina que o casal é
chamado a participar do poder criador de Deus e de sua paternidade:
"Chamados a dar a vida, os
esposos participam do poder criador e da paternidade de Deus. Os cônjuges sabem
que, no ofício de transmitir a vida e de educar - o qual deve ser considerado
como missão própria deles - são cooperadores do amor de Deus criador"
(CIC, 2367).
Ao falar do "dom do filho",
o Catecismo ainda diz:
"A Sagrada Escritura e a prática
tradicional da Igreja vêem nas famílias numerosas um sinal da bênção divina e
da generosidade dos pais" (CIC, 2373; GS, 50,2).
E conclui: "os filhos são o dom
mais excelente do Matrimônio e constituem um benefício máximo para os próprios
pais" (CIC, 2378).
Será que acreditamos de fato nessas
palavras da Igreja? Ou será que "escapamos pela tangente", dando a "nossa" desculpa? Ah! o meu caso é diferente!
Lamentavelmente estabeleceu-se entre
nós, também católicos, uma cultura "antinatalista". Por incrível que pareça "as preocupações da vida" (Lc 12,22;
Mt 6,19), tão condenadas por Jesus, sufocaram o valor imenso da vida humana,
levando as gerações à triste mentalidade de "quanto menos filhos
melhor". À luz do cristianismo, é uma triste
mentalidade, pois a Igreja sempre ensinou o valor incomensurável da vida.
O salmo 126 diz com todas as letras:
"Vede, os filhos são um dom de
Deus: é uma recompensa o fruto das entranhas". "Feliz o homem que assim encheu sua aljava..." (Sl 126, 3-5).
Acreditamos ainda nessas palavras?
O amor é essencialmente dom. São
Tomás de Aquino dizia que "o bem é difusivo" (Suma Teológica, I, q.
5, a.4, ad 1). Em outras palavras: ou o amor se doa,
ou então morre. E, para o casal, a maior doação é a da vida do filho.
Santo Ireneu (? 202) resumia em
poucas palavras toda a grandeza do homem : "O homem vivo é a glória de
Deus" (Contra as heresias IV, 20,7).
Isto quer dizer que com a criação do
homem e da mulher à sua imagem e semelhança, "Deus coroa e leva à
perfeição a obra das suas mãos" (Familiaris Consórtio, 28).
Assim, Ele chamou-nos a participar do
seu poder de Criador e de Pai:
"Deus abençoou-os e disse-lhes:
"crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra" (Gen 1,28).
Disse ainda o Papa João Paulo II :
"A tarefa fundamental da família é o serviço à vida. É realizar, através da
história, a bênção originária do Criador, transmitindo a imagem divina pela
geração de homem a homem. Fecundidade é o fruto e o sinal do
amor conjugal, o testemunho vivo da plena doação recíproca dos esposos"
(FC, 28).
Todos esses ensinamentos nos levam ao
que a Igreja afirma constantemente:
"O amor conjugal deve ser
plenamente humano, exclusivo e aberto à nova vida" (GS,50; HV,11; FC,29).
A situação social e cultural dos
nossos tempos, dificulta a compreensão dessa verdade. Vale a pena reler o que
disse o Papa João Paulo II sobre isso:
"Alguns perguntam-se se viver é
bom ou se não teria sido melhor nem sequer ter nascido. Duvidam, portanto, da
liceidade de chamar outros à vida, que talvez amaldiçoarão a sua existência num
mundo cruel, cujos temores nem sequer são previsíveis. Outros pensam que são os
únicos destinatários da técnica e excluem os demais, impondo-lhes meios
contraceptivos ou técnicas ainda piores.
Nasceu assim uma mentalidade contra a
vida (anti-life mentality), como emerge de muitas questões atuais: pense-se,
por exemplo, num certo pânico derivado dos estudos dos ecólogos e dos
futurólogos sobre a demografia, que exageram, às vezes, o perigo do incremento
demográfico para a qualidade da vida.
Mas a Igreja crê firmemente que a
vida humana, mesmo se débil e com sofrimento, é sempre um esplêndido dom do
Deus da bondade. Contra o pessimismo e o egoísmo que obscurecem o mundo, a
Igreja está do lado da vida" (Familiaris Consórtio,30).
Muitos têm medo de não educar bem os
filhos. Pois eu lhes digo que, com Deus, é possível educá-los; basta que o casal se ame, crie um lar saudável, e vivam para
os filhos, com todas as suas forças e com toda dedicação. O resto, Deus e eles
farão. Faça do seu filho um Homem... isto basta.
Há hoje uma mentira muito difundida -
infelizmente aceita também por muitos católicos
desinformados - de que a limitação da natalidade é o remédio necessário e
"indispensável" para sanar todos os males da humanidade.
Não há civilização que possa se
sustentar sobre uma falsa ética que destrói o ser humano, ou que impede o
"seu existir". É ilógico, desumano e contra a Lei de Deus, que, para
salvar a humanidade seja necessário sacrificá-la em parte.
O renomado historiador francês,
professor da Sorbonne, católico, Pierre Chaunu, na entrevista que deu à revista
VEJA, de 11.07.84, sob o título A Caminho do Desastre, com sua autoridade de
Catedrático, com mais de 50 livros editados, afirma, entre tantos outros
alertas contra o controle da natalidade, que "estamos no limiar de um
mundo de velhos" e que a humanidade corre o risco de ver a "implosão
da espécie humana". (em 1984) que:
"Há quinze anos entramos num
processo catastrófico. As taxas de natalidade caíram tanto nos países
industrializados que já não somos capazes sequer de repor a geração atual
".
No Relatório intitulado Estado da
População Mundial, em 1987, da ONU, ela e afirmou:
"Depois da revolução verde, da
biotecnologia, não se duvida mais que haja condições para acabar com a fome no
mundo" (Folha de São Paulo, 15/06/87).
O mesmo Relatório da ONU ainda
afirmava:
"Há 453 milhões de toneladas de
trigo, arroz e grãos estocados em todo o mundo, e os agricultores dos Estados
Unidos e da Europa Ocidental são pagos para não produzir" .
A Folha de São Paulo, em matéria
intitulada Terra não terá explosão populacional, diz a ONU (05/02/98, pag.1-14), da jornalista Cláudia Pires, de Nova York, afirma:
" Depois de anos de previsões sobre uma possível explosão populacional na Terra,
demógrafos e outros especialistas no assunto acabaram concluindo que o risco de
um planeta super-habitado está cada vem mais distante. Atualmente existem 5,7
bilhões de pessoas no planeta. De acordo com os especialistas, se os índices
populacionais forem mantidos... o total populacional na metade do próximo
século deve estar beirando os 9,4 bilhões. A cifra é a metade da prevista no
início deste século."
É urgente resgatar entre os casais
cristãos o valor do filho e da prole como uma "bênção de Deus", e que só se pode rejeitar por razões sérias; jamais por comodismo, medo
ou egoísmo. Os casais cristãos estão a dever ao
mundo uma resposta sobre esta questão... afinal, o maior de todos os valores é
a vida. E não há trabalho mais digno e
sublime do que gerar e bem educar seres humanos, os filhos de Deus.
O que o nosso mundo
hoje mais precisa é de homens e mulheres com vocação autêntica para pais e
mães. Chega de crianças "órfãs"
de pais e mães vivos, como o Papa denunciou quando esteve aqui no Brasil. Isto ocorre porque esses últimos se preocupam mais consigo mesmos do que
com os filhos.
Jamais a mulher poderá se realizar
mais em outra vocação do que na maternidade. É aí que ela coopera de maneira mais extraordinária com Deus na obra da
criação e, consequentemente, é aí que ela encontra a sua verdadeira realização.
Afinal, São Paulo afirma a Timóteo que :
"A mulher será salva pela
maternidade" (1 Tm 2,15).
Certa vez o Cardeal Raul Henriques,
do Chile, disse:
"Se quando minha mãe teve o 18º
filho, tivesse dito basta, vocês não teriam hoje o seu Cardeal".
Isto porque ele nasceu depois desses
dezoito. Tudo é uma questão de amor e de fé.
A Igreja, no Concílio Vaticano II
ensinou que:
"Não pode haver verdadeira
contradição entre as leis divinas sobre a transmissão da vida e o cultivo do
autêntico amor conjugal".
"Aos filhos da Igreja, apoiados
nesses princípios, não é lícito adotar na regulação da prole os meios que o
Magistério reprova quando explica a lei divina" (GS, 51).
É preciso dizer aqui que a lei de
Deus não é pesada e nem impossível de ser cumprida. Jesus disse que o seu "jugo (doutrina) é suave e seu peso é
leve" (Mt 11,30).
"O mandamento que hoje te dou
não está acima de tuas forças, nem de fora de teu alcance (...). Mas esta palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração: e tu a
podes cumprir" (Dt 30, 11-14).
Vitor Hugo disse certa vez que
"um lar sem filhos é como uma colmeia sem abelhas"; acaba ficando sem
a doçura do mel.
Fonte: Prof. Felipe
Aquino
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