Pastoral Familiar

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Família é a nossa maior riqueza

sábado, 1 de novembro de 2014

A CURA PELA SANTA MISSA

Minha mãe sempre me dizia que seu eu fosse um pássaro, eu seria o condor, não pela sua beleza ou qualquer outro artifício qualitativo, mas pelo trocadilho do nome!
Desde que me entendo por gente eu tenho dores, fui uma criança difícil de lidar, e imagino que minha mãe tenha sofrido muito com o meu crescimento, mãe sempre sofre com os filhos.
Como meu problema de saúde não tem cura, minha mãe me ensinou a conviver com a dor da melhor forma possível. Eu conheço cada milímetro do meu corpo pela dor, e dores de diferentes formas, das mais leves as mais fortes. Entenderam agora o infame trocadilho do pássaro con-dor?
Mas de todas as dores que tenho, uma me deixava muito chateada e toda vez que vinha acabava com meu humor. A dor de ouvido, era horrível, eu passava noites e dias gritando e chorando, não conseguia dormir, comer, não fazia nada. Tudo que conseguia lembrar depois que a dor passava era de minha mãe comigo nos braços me acariciando e dando força, todo o resto era somente dor.
Como citei, meu problema de saúde não tem cura, tenho anemia falciforme, e viver saindo e entrando de crises era tudo que os médicos previram para minha vida. Eu até suportava bem as crises, mas quando estas vinham com dor de ouvido, meu Deus, que agonia.
Não, a dor de ouvido não é a pior, mais com certeza a que mais me enlouquecia, pois me impedia de pensar, me enlouquecia e nada, absolutamente nada a fazia parar. Todas as outras amenizavam com analgésicos, massagens, banhos relaxantes e repouso. A malvada dor de ouvido não, quando aparecia só me restava esperar passar a crise.
Pois bem, agora que os familiarizei com parte da situação, preciso contar a outra.
Sou católica por escolha, isto mesmo, na faixa dos meus treze para quatorze anos, eu decidi me batizar e fazer a primeira eucaristia. Então na fase dos meus dezesseis anos, a minha fé e conhecimento eram por demais imaturos.
Foi nessa fase da minha vida que eu decidi acompanhar as aulas de crisma, eu já tinha recebido o Sacramento, mas queria aprender mais, conhecer mais e ministrar os encontros de formação para a crisma.
Nesse encontro eu comecei a conviver muito com o Carlos, atual coordenador do blog e da Pastoral Familiar. O Carlos sempre fala muito de milagres, do poder da oração com fé. E ele me emprestou um livro formidável: A cura pela missa do Pe. Robert Degrandis.
O livro é maravilho, para quem ainda não leu eu aconselho, ele fala da missa em todas as suas partes, detalhadamente, demonstrando como você pode aproveitar o melhor de cada parte. Como participar de forma consciente e ativa de cada momento.
Embargada pela atmosfera do livro e das palavras do Carlos, tomei um novo patamar na minha fé.
Então, eis que novamente veio uma crise muito forte. Começou em uma sexta-feira, a dor de ouvido, o corpo todo doendo, os choros, minha mãe a me abraçar. E uma noite toda se foi, adentrado o dia e eu na mesma. A dor parecia que gostava da noite, e tendia sempre a piorar conforme o dia escurecia, mais uma madrugada em prantos e muita dor.
No domingo mesmo contra os protestos de minha mãe, eu me arrumei para a missa. Tomei um analgésico para a dor no corpo, para aguentar chegar ao local da missa. Com os olhos lacrimejando de dor eu fui para missa.
Naquela época eu ia à missa no Oratório São Luiz, a missa é realizada na quadra, lugar bem arejado, mas não havia vento naquele dia.  Sentei perto do portão, de forma estratégica, se precisasse sair.
A missa transcorreu bem, e eu não consegui assimilar quase nada, mas estava lá a todo momento em oração. Quando chegou a hora da Consagração da Eucaristia eu me lembrei das palavras do livro, para imaginar uma luz saindo do cálice e do hóstia, imagina a luz tomando conta do seu corpo e inundando todo o ambiente, envolvendo todas as pessoas, para você abrir seu coração e pedir a consagração. E pedir que a consagração se faça em você (claro que no livro não são exatamente estas palavras, mas é basicamente o sentido que estava assimilado em meu cérebro naquele momento). Eu fui comungar, tomei a hóstia e me ajoelhei, naquele momento eu me lembrei mais uma vez do livro e das palavras do Carlos, peça, peça.
De joelhos dobrados, olhos fechados eu pedi: Senhor, não quero que me cure, apenas alivia um pouco minha dor. Alivia um pouco esta dor, meu Deus.
Naquele momento eu senti uma leve brisa, meu ouvido latejando, deu um estralo único, como se algo estivesse desentupindo, e eu comecei a ouvir a musica limpa e clara que estava tocando... “O meu Deus é o Deus do impossível/ Jeová Jireh o grande El Shadai/ Que abriu o Mar Vermelho / E ao seu povo fez passar /Que da rocha água limpa fez brotar...”.
Eu levantei a cabeça chorando compulsivamente, e quem estava do meu lado perguntou o que estava acontecendo, se a dor tinha piorado. Entre lágrimas, sem acreditar eu respondi que não, a dor tinha passado. Simplesmente passado, sumiu, não tinha mais nada.
Sai da missa e fui para o encontro de crisma, naquele dia o Carlos tinha preparado uma dinâmica, ele levou um pacotinho com varias frases, e pediu para os crismandos lerem e compartilhar o pensamento. Quando eu peguei a minha, eu desatei a chorar: A Eucaristia é o pão de cada dia que se toma como remédio para a nossa fraqueza de cada dia. Santo Agostinho.
Contei para todos o que estava ocorrendo, entre lágrimas.
Eu cresci, continuo com crises, mas desde aquele dia o meu ouvido jamais doeu novamente. A única coisa que ficou foi o trauma emocional, então se você me encontrar na rua, nunca assopre no meu ouvido, ok?
Não, Deus não curou minha anemia, talvez curasse seu eu pedisse, mas eu nunca achei necessário pedir. Quem sabe um dia eu peça rsrsr...

Testemunho de Paula Raquel Guimarães, integrante da equipe da Pastoral Familiar Nossa Senhora da Piedade. 

 

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